"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina".

Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente.

Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo.

Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar.

Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria.

Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade.

Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando....

E termina tudo com um ótimo orgasmo!!!

Não seria perfeito?"

Charles Chaplin*

sábado, 8 de dezembro de 2012

Contos Diversos


Todo cuidado é pouco, texto de leitura escolar


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Guarda de trânsito, ilustração de Helen Prickett.
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Todo cuidado é pouco
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A vida no meu bairro começa cedo. Mas desponta o sol no horizonte, tem início o movimento. As ruas se enchem de pessoas e veículos. Primeiro, surgem os ônibus levando os operários para as fábricas e construções. Depois aparecem os carrinhos de sanduíches, oferecendo café da manhã para quem está com pressa.  Aparecem logo também as motocicletas dos entregadores e as bicicletas de quem trabalha mais perto.  Mais tarde, vêm os caminhões carregados de mercadorias e os automóveis conduzindo passageiros para o centro da cidade.
Às sete horas, quando saio para a escola, o movimento é intenso.  Sigo então pela calçada, evitando esbarrar nos outros. Quando preciso mudar de calçada, olho para os lados e, se não vem nenhum veículo, atravesso a rua com cautela. Faço isso porque tenho lido, nos jornais, notícias de desastres com meninos imprudentes, apanhados pelos automóveis.
Não quero ficar aleijado para toda vida, como Zezé, meu vizinho, que desobedeceu a ordem do guarda-civil e foi atropelado por um caminhão.
Para subir e descer do ônibus, espero que ele pare completamente.  Não gosto de apanhar o ônibus andando.  Não desejo voltar para casa num carro do Pronto Socorro. Por isso quando ando pela cidade, nunca esqueço das palavras do papai:
– Na rua, meu filho, todo cuidado é pouco!
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Fábula: O lobo e o cordeiro, texto de Monteiro Lobato


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O lobo e o cordeiro

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Estava o cordeiro a beber num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado , de horrendo aspecto.
– Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? — disse o monstro arreganhando os dentes.  Espere, que vou castigar tamanha má-criação!…
O cordeirinho, trêmulo de medo,respondeu com inocência:
– Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor para mim?
Era verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta.  Mas não deu  o rabo a torcer.
– Além disso — inventou ele — sei que você andou falando mal de mim o ano passado.
– Como poderia falar mal do senhor o ano passado, se nasci este ano?
Novamente confundido pela voz da inocência, o lobo insistiu:
– Se não foi você, foi seu irmão mais velho, o que dá no mesmo.
– Como poderia ser meu irmão mais velho, se sou filho único?
O lobo furioso, vendo que com razões claras não vencia o pobrezinho, veio com uma razão de lobo faminto:
– Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô!
E — nhoc! — sangrou-o no pescoço.
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Contra a força não há argumentos.
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Em: Fábulas, Monteiro Lobato, São Paulo, Ed. Brasiliense:1966, 20ª edição.
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José Bento Monteiro Lobato, (Taubaté, SP, 1882 – 1948).  Escritor, contista; dedicou-se à literatura infantil. Foi um dos fundadores da Companhia Editora Nacional. Chamava-se José Renato Monteiro Lobato e alterou o nome posteriormente para José Bento.
Obras:
A Barca de Gleyre, 1944
A Caçada da Onça, 1924
A ceia dos acusados, 1936
A Chave do Tamanho, 1942
A Correspondência entre Monteiro Lobato e Lima Barreto, 1955
A Epopéia Americana, 1940
A Menina do Narizinho Arrebitado, 1924
Alice no País do Espelho, 1933
América, 1932
Aritmética da Emília, 1935
As caçadas de Pedrinho, 1933
Aventuras de Hans Staden, 1927
Caçada da Onça, 1925
Cidades Mortas, 1919
Contos Leves, 1935
Contos Pesados, 1940
Conversa entre Amigos, 1986
D. Quixote das crianças, 1936
Emília no País da Gramática, 1934
Escândalo do Petróleo, 1936
Fábulas, 1922
Fábulas de Narizinho, 1923
Ferro, 1931
Filosofia da vida, 1937
Formação da mentalidade, 1940
Geografia de Dona Benta, 1935
História da civilização, 1946
História da filosofia, 1935
História da literatura mundial, 1941
História das Invenções, 1935
História do Mundo para crianças, 1933
Histórias de Tia Nastácia, 1937
How Henry Ford is Regarded in Brazil, 1926
Idéias de Jeca Tatu, 1919
Jeca-Tatuzinho, 1925
Lucia, ou a Menina de Narizinho Arrebitado, 1921
Memórias de Emília, 1936
Mister Slang e o Brasil, 1927
Mundo da Lua, 1923
Na Antevéspera, 1933
Narizinho Arrebitado, 1923
Negrinha, 1920
Novas Reinações de Narizinho, 1933
O Choque das Raças ou O Presidente Negro, 1926
O Garimpeiro do Rio das Garças, 1930
O livro da jangal, 1941
O Macaco que Se Fez Homem, 1923
O Marquês de Rabicó, 1922
O Minotauro, 1939
O pequeno César, 1935
O Picapau Amarelo, 1939
O pó de pirlimpimpim, 1931
O Poço do Visconde, 1937
O presidente negro, 1926
O Saci, 1918
Onda Verde, 1923
Os Doze Trabalhos de Hércules,  1944
Os grandes pensadores, 1939
Os Negros, 1924
Prefácios e Entrevistas, 1946
Problema Vital, 1918
Reforma da Natureza, 1941
Reinações de Narizinho, 1931
Serões de Dona Benta,  1937
Urupês, 1918
Viagem ao Céu, 1932
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Esta fábula de Monteiro Lobato é uma das centenas de variações feitas através dos séculos da fábulas de Esopo, escritor grego, que viveu no século VI AC.  Suas fábulas foram reunidas e atribuídas a ele, por Demétrius em 325 AC.  Desde então tornaram-se clássicos da cultura ocidental e muitos escritores como Monteiro Lobato, re-escreveram e ficaram famosos por recriarem estas histórias, o que mostra a universalidade dos textos, das emoções descritas e da moral neles exemplificada.  Entre os mais famosos escritores que recriaram as Fábulas de Esopo estão Fedro e La Fontaine.
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O leão e o ratinho – fábula, texto de Monteiro Lobato


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Ilustração, assinatura ilegível.
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O leão e o ratinho
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Monteiro Lobato
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Ao sair do buraco viu-se um ratinho entre as patas de um leão.  Estacou, de pelos em pé, paralisado pelo terror.  O leão, porém, não lhe fez mal nenhum.
– Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei.
Dias depois o leão caiu numa rede.  Urrou desesperadamente, debateu-se, mas quanto mais se agitava mais preso no laço ficava.
Atraído pelos urros, apareceu o ratinho.
– Amor com amor se paga – disse ele lá consigo e pôs-se a roer as cordas.  Num instante conseguiu romper uma das malhas.  E como a rede era das tais que rompida a primeira malha as outras se afrouxam, pode o leão deslindar-se e fugir.
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Mais vale paciência pequenina do que arrancos de leão.
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José Bento Monteiro Lobato, (Taubaté, SP, 1882 – 1948).  Escritor, contista; dedicou-se à literatura infantil. Foi um dos fundadores da Companhia Editora Nacional. Chamava-se José Renato Monteiro Lobato e alterou o nome posteriormente para José Bento.
Obras:
A Barca de Gleyre, 1944
A Caçada da Onça, 1924
A ceia dos acusados, 1936
A Chave do Tamanho, 1942
A Correspondência entre Monteiro Lobato e Lima Barreto, 1955
A Epopéia Americana, 1940
A Menina do Narizinho Arrebitado, 1924
Alice no País do Espelho, 1933
América, 1932
Aritmética da Emília, 1935
As caçadas de Pedrinho, 1933
Aventuras de Hans Staden, 1927
Caçada da Onça, 1925
Cidades Mortas, 1919
Contos Leves, 1935
Contos Pesados, 1940
Conversa entre Amigos, 1986
D. Quixote das crianças, 1936
Emília no País da Gramática, 1934
Escândalo do Petróleo, 1936
Fábulas, 1922
Fábulas de Narizinho, 1923
Ferro, 1931
Filosofia da vida, 1937
Formação da mentalidade, 1940
Geografia de Dona Benta, 1935
História da civilização, 1946
História da filosofia, 1935
História da literatura mundial, 1941
História das Invenções, 1935
História do Mundo para crianças, 1933
Histórias de Tia Nastácia, 1937
How Henry Ford is Regarded in Brazil, 1926
Idéias de Jeca Tatu, 1919
Jeca-Tatuzinho, 1925
Lucia, ou a Menina de Narizinho Arrebitado, 1921
Memórias de Emília, 1936
Mister Slang e o Brasil, 1927
Mundo da Lua, 1923
Na Antevéspera, 1933
Narizinho Arrebitado, 1923
Negrinha, 1920
Novas Reinações de Narizinho, 1933
O Choque das Raças ou O Presidente Negro, 1926
O Garimpeiro do Rio das Garças, 1930
O livro da jangal, 1941
O Macaco que Se Fez Homem, 1923
O Marquês de Rabicó, 1922
O Minotauro, 1939
O pequeno César, 1935
O Picapau Amarelo, 1939
O pó de pirlimpimpim, 1931
O Poço do Visconde, 1937
O presidente negro, 1926
O Saci, 1918
Onda Verde, 1923
Os Doze Trabalhos de Hércules,  1944
Os grandes pensadores, 1939
Os Negros, 1924
Prefácios e Entrevistas, 1946
Problema Vital, 1918
Reforma da Natureza, 1941
Reinações de Narizinho, 1931
Serões de Dona Benta,  1937
Urupês, 1918
Viagem ao Céu, 1932
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Esta fábula de Monteiro Lobato é uma das centenas de variações feitas através dos séculos da fábulas de Esopo, escritor grego, que viveu no século VI AC.  Suas fábulas foram reunidas e atribuídas a ele, por Demétrius em 325 AC.  Desde então tornaram-se clássicos da cultura ocidental e muitos escritores como Monteiro Lobato, re-escreveram e ficaram famosos por recriarem estas histórias, o que mostra a universalidade dos textos, das emoções descritas e da moral neles exemplificada.  Entre os mais famosos escritores que recriaram as Fábulas de Esopo estão Fedro e La Fontaine.
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O vendedor de bananas, poesia infantil de Elias José


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Ilustração Margret Boriss.
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O vendedor de bananas
-Elias José
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Banana-prata,
banana-ouro,
banana-d’água,
banana-baiana
banana-nanica
banana-são-tomé.
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O menino bananeiro
e os seus melhores amigos,
dois burrinhos vagarosos,
vão chegando à cidade.
 -Queria vender bananas
muitas bananas,
gostosas e diferentes,
para todas as casas
da velha cidadezinha.
 -Queria voltar pra casa
com os cestos vazios
e os bolsos bem cheios
de notas e moedas.
 -Coisa melhor do mundo
é poder ajudar à mãe…
 -Só que na cidade tão pequena,
há tantas bananeiras nos quintais!…
 -Os cestos não vão se esvaziar.
e nos bolsos haverá poucas moedas…
 -
– Melhor assim do que nada! –
diz o menino bananeiro
aos seus burrinhos magricelas.
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Em: Mágica terra brasileira, Elias José, São Paulo, Saraiva:2006
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Elias José – (MG 1936 – MG 2008 ) escritor de literatura infantil e juvenil, contista, poeta, romancista e professor.

A árvore de Natal de Jean Lou, texto de Gregório José


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A árvore de Natal de Jean Lou:

um conto de Natal
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Gregório José
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A história passa-se perto de uma aldeia de Vesges, numa casa isolada, próximo de uma floresta de pinheiros.
– Papá, perguntou Jean Lou, quando acordou – Quero uma árvore de Natal.  Os meus amigos da aldeia vão todos ter uma.
–Mas tu não tens necessidade de uma árvore de Natal, respondeu-lhe o pai.  – Há tantas em volta da casa.
– Não árvores de Natal, são pinheiros.
– É a mesma coisa.
Oh, não, não era a mesma coisa, pensou o filho.  Para um pinheiro se tornar uma árvore de Natal, é preciso que se ilumine, e que tenha prendas para os meninos!
Jean Lou sentiu o coração encher-se de desgosto.  A mamã tinha morrido na Primavera, e op ai, sozinho com dois filhos, não substituía a sua ternura.  Mas Jean não perdera de todo a esperança e perguntou ao irmão mais velho, Lucien, — O que é preciso para ter uma árvore de Natal.
Ora os pintarroxos, essas avezinhas simpáticas de babete vermelho, vão próximo das casas, não têm medo das pessoas, mas vivem sempre isoladas.  Jean Lou entrou em casa,  colou o rosto  contra o vidro da janela e observou atentamente a estrada.  Era o entardecer.  Um pintarroxo pousou nela, de seguida um outro sobre um arbusto. O coração do menino saltou acelerado, enquanto via um terceiro pousar sobre um tufo de ervas.
– Um, dois, três… contou o rapazinho.
– Vejo-os, vejo os três pintarroxos, vou ter a minha árvore de Natal!
Precipitou-se de encontro a Lucien, que regressava do campo: — Vou ter minha árvore de Natal!
– Mas que se passa?  Admirou-se Lucien, que tinha esquecido a brincadeira.
– Vi três  pintarroxos juntos!
–  Juntos?  Uns ao lado dos outros?
– Não. Um na estrada, outro num arbusto e outro sobre a relva.  Mas vi-os ao mesmo tempo.  Vou ter a minha árvore de Natal?
– Sem dúvida, prometeu o irmão, perante tanta alegria.  Mas como?
Lucien bem gostaria de dar essa alegria ao seu irmãozinho, mas como encontrar uma verdadeira árvore de Natal?
Após o jantar, Lucien foi dar um passeio, procurando uma idéia. Pinheiros não faltavam.. e quando acariciava um dos mais bonitos, a percebeu-se de um suave murmúrio: “eu farei uma bonita árvore de Natal, se tu quiseres…”
– Não posso levar-te para casa.
– Trarás o teu irmão junto de mim.
– Mas… falta-te tudo, para seres uma árvore de Natal.
– Podemos encontrar tudo aqui.  Tenho amigos, a neve, a geada, as corujas, os silvados, a lua, o céu e até mesmo as aranhas, que estão escondidas no celeiro.  Os meus amigos poderão ajudar-te, não queres?
Então a neve disse:  “Tornarei branco o pinheiro, como se fosse de arminho”; a geada pronunciou: “Fá-lo-ei brilhar como se estivesse salpicado de diamantes”; os silvados: “Nós temos bonitas bagas vermelhas”;  as corujas prometeram dissimularem-se nas ramagens e abrindo e fechando os olhos brilhantes, substituírem as lâmpadas elétricas.
O céu oferecia as estrelas, para enfeitar as pontas dos ramos, e a Lua estenderia os seus raios brilhantes, para colorir as pinhas e os brinquedos de madeira que Jean teria.
Lucien regressou a casa, contentíssimo.  Mas de repente, pensou que se tinha esquecido das aranhas.  Que poderiam elas oferecer?  Foi ao celeiro.
– Fizeste bem em vir, disseram elas, poderemos tornar a árvore verdadeiramente bela.  Lançaremos fios de alto a baixo, e a envolveremos numa rede de renda.
– Mas os vossos fios são escuros e tristes?!?!
– Não.  A geada prateará os nossos fios, verás.
A noite de Natal chegou.
O pai tinha comprado um lindo bolo.  Jantaram e deitaram-se.  Assim que pressentiram que o pai dormia, Lucien agasalhou muito bem o irmão e saíram silenciosamente.
Ao  dobrar a esquina da estrada, Jean parou fascinado.  A Árvore de Natal estava ali, grande e tão bem enfeitada que nada poderia haver de mais belo.
Os ramos cintilavam.  Longos fios prateados envolviam-na e as corujas  escondidas abriam e fechavam os olhos alternadamente.
Jean nem se preocupava com os brinquedos, pendurados pelo irmão:  um pífaro feito de um junco, animais feitos à faca, um cachimbo e misteriosos saquinhos com berlindes, bonbons e outras coisas.
A Lua dava um tom dourado a tudo.  As estrelas cintilavam docemente nas extremidades dos ramos, enquanto ao longe, o som mavioso dos sinos subia e chegava até eles.
Foi assim que Jean, o menino órfão de mãe, pode ter, para ele só nessa noite, a mais linda árvore de Natal.
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Tradução do livro Les Contes de Perrette
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Fábula: A menina do leite


Ilustração, autor desconhecido.
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-A menina do leite
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Rosinha ia contente para o mercado com um pote de leite na cabeça.  Era o primeiro leite de sua vaquinha.  Enquanto andava, ia pensando:
– Vendo o leite e compro uma dúzia de ovos.  Choco os ovos e terei uma dúzia de pintos.  Morrem dois  e terei cinco frangos e cinco frangas que logo serão galinhas.  Cada uma porá duzentos ovos.  Assim, num ano  terei mil ovos.  Choco tudo e terei  quinhentos galos e quinhentas galinhas.  Vendo os galos a vinte reais e terei dez mil reais.  Posso então comprar doze porcas e uma vaca.  Cada porca terá  seis leitões.  Seis vezes doze…
De repente, Rosinha tropeçou.  O pote caiu e quebrou-se.  O leite derramou no chão.  E, enquanto limpava o vestido, Rosinha viu sumir, embebido na terra, o primeiro leite de sua vaquinha e, com ele, os doze ovos, as cinco galinhas, os quinhentos galos, as doze porcas, a vaca.
Coitada de Rosinha!
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Fábula original de Esopo.
Em: Leituras Infantis, 2º livro, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir: 1962
Texto adaptado do original.

A pomba e a formiga, fábula de Esopo


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Ilustração, Amy Hintze ( EUA, contemporânea)
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A pomba e a formiga
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Uma pombinha branca, que estava com sede, desceu à beira de um riacho. Procurava um bom lugar para beber água.  Eis que avista uma formiguinha debatendo-se nas águas do riacho, prestes a se afogar.
A pombinha ficou com pena da formiga.  Depressa, apanhou um galho seco, levou-o até próximo à formiga que se salvou, agarrando-se nele com vontade.
Pouco depois, um caçador passou por ali.  Vendo a pombinha numa árvore, resolveu caçá-la para o almoço.   Rapidamente apontou a espingarda para matar a pobrezinha.
Mas a formiga, que ainda estava ali perto, resolveu ajudar a pombinha.  Subiu no pé do caçador e deu uma boa ferroada.   Surpreso, o caçador ao sentir a dor, perdeu a pontaria.  E não acertou a pombinha.
A pombinha voou para longe e a formiga voltou ao seu formigueiro.
Moral:  Amor com amor se paga.
Texto adaptado da versão de Theobaldo Miranda Santos em Leituras Infantis, 2º livro, Rio de Janeiro, Agir:1962

Leitura infantil: Lenda da noite


Noite, ilustração de Anton Pieck (Holanda, 1895-1987).
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Lenda da noite

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                                              Theobaldo Miranda Santos
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A filha da Cobra Grande casou-se e disse ao marido:
– Meu esposo, tenho muita vontado de ver a noite.
Minha mulher, só existe o dia, respondeu-lhe o marido.
– A noite existe sim!  Meu pai guarda-a no fundo das águas.  Mande seus criados buscá-la, suplicou a moça.
Os criados partiram ligeiros em busca da noite.  E transmitiram ao pai o pedido da filha.  A Cobra Grande então entregou-lhe um coco de tucumã, avisando-os:
– Muito cuidado com este coco!  Se ele for aberto, tudo escurecerá e todas as coisas se perderão.
Durante a viagem, os criados ouviram, dentro do coco, um barulhinho assim: xê-xê-xê, tem-tem-tem…  Curiosos, os criados abriram o coco e tudo escureceu.
A moça disse então ao marido: — Meu esposo, os criados soltaram a noite.  Agora tudo ficará escuro e todas as coisas se perderão.
O marido, espantado, perguntou-lhe: Que faremos!  Precisamos salvar o dia!
A filha da Cobra Grande, então, arrancou um fio de seus cabelos e disse:  Com este fio, vou separar o dia da noite.  Feche os olhos, meu esposo…  Agora pode abri-los e reparar.  A madrugada já vem chegando.  os pássaros cantam anunciando o sol.
Mas quando os criados voltaram, a filha da Cobra Grande os transformou em macacos, por sua infidelidade.  Assim nasceu a noite.  Assim surgiram os macacos.
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Em: Leitura infantis:  2º livro,  para as escolas primárias, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir: 1962

O trabalho, leitura escolar, Assis Cintra


Menina tricotando, s/d
Julian Alden Weir ( EUA, 1852-1919)
óleo sobre tela
O trabalho
Cora e Paulina eram duas meninas muito boazinhas que tinham um único defeito: eram preguiçosas.
Posso dizer que começaram uma vez a fazer um trabalho para dar à sua mãe e que só o acabaram ao fim de dois anos.  
Muitas vezes D. Leonor dizia:
– Minhas filhas, porque não fazem algum trabalho, em vez de andarem sempre brincando?  É tão feio uma menina ser preguiçosa!
– Ora, mamãe!  Era a resposta.   Estou com tanto calor!  Não tenho coragem para ficar parada.  Quando vier o inverno hei de trabalhar bastante para recuperar o tempo perdido.
Os meses passaram chegando o inverno; e quando a mãe lhes lembrou a promessa feita responderam:
— Está fazendo tanto frio!  Como é que a gente pode trabalhar com as mãos geladas?
E assim o tempo ia correndo.
Um dia, em que estava fazendo muito frio, uma coleguinha chegou à escola com os beicinhos roxos, e tremendo tanto que fazia pena.
– Por que você não pôs um capote? perguntou Cora.
Está gelado, isto há de lhe fazer mal, Paulina acrescentou.
– E porque não pede à sua mãe que lhe compre ao menos um xale? 
– Mamãe não o pode comprar.  Somos muito pobres. 
Cora e Paulina ficaram com muita pena da sua colega pobre.  Logo que chegaram em casa, pediram à D. Leonor que comprasse um agasalho para a infeliz pequena. 
– Não posso, não tenho dinheiro disponível.  Tenho alguns novelos de lã, mas falta-me tempo para fazer o xale, respondeu a mãe.
– Nós o faremos, exclamaram as duas meninas ao mesmo tempo.
– Vocês são tão preguiçosas!  Poderiam começá-lo, mas com certeza não chegariam ao fim, ou então levariam dois anos.   E, enquanto isso, a pequena morreria de frio.
– Não, a senhora verá como o  xale fica pronto depressa.
E tanto insistiram que D. Leonor foi buscar a lã.
As meninas começaram a trabalhar,  e com tanto ardor trabalharam, que no fim de alguns dias a menina pobre teve a surpresa de encontrara na sua carteira uma xale bem quentinho.
Quando Cora e Paulina voltaram da escola e descreveram a alegria da coleguinha, D. Leonor falou com grande contentamento:
– Sou feliz, vendo as minhas filhas tão caridosas.  Mas como é que vocês, cheias de preguiça, puderam fazer o xale?  Pensei que desistiriam.
– Muitas vezes, disse Paulina, tivemos a tentação da preguiça, mas logo nos lembrávamos dos lábios roxos e trêmulos da coleguinha pobre.  Isso parece que nos dava novas forças.
– E, ajuntou Cora, no fim já gostávamos de trabalhar.  Quero que a senhora me arranje logo um outro trabalho.  O tempo parece que passa depressa e a gente é mais feliz.
D. Leonor, muito contente, abraçou as filhas dizendo-lhes:
– Eu sempre lhes falava nisso, e vocês não acreditavam.
Os vadios e preguiçosos é que estão descontentes e acham o tempo demorado.  Só os que trabalham é que são completamente felizes.
Em: Pequenas histórias, Assis Cintra, Rio de Janeiro, Francisco Alves: 1924 — obra pela Diretoria Geral da Instrução Pública de São Paulo e adotada na escola modelo e grupos escolares do estado de São Paulo.
Francisco de Assis Cintra (Bragança Paulista, 1887 – São Paulo, 1953), jornalista, filólogo e historiador

Seis quadrinhas escolares sobre Tiradentes por Walter Nieble de Freitas


6 quadrinhas escolares  para o Dia de Tiradentes
                                               Walter Nieble de Freitas
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Por ter sido descoberto
Por Pedro Álvares Cabral,
O Brasil, caros colegas,
Pertenceu a Portugal.
Ouvi dizer que homens bravos,
Chefiados por Tiradentes,
Receberam nesse tempo,
O nome de inconfidentes.
Os nossos inconfidentes
Nutriam um ideal:
Desejavam separar
O Brasil de Portugal.
Joaquim Silvério dos Reis
Traiu os incoonfidentes,
Destruindo dessa forma,
O sonho de Tiradentes.
No dia Vinte e Um de Abril,
Sob vivas estridentes,
Foi, no Rio de Janeiro,
Enforcado Tiradentes.
O exemplo que Tiradentes
nos deu a Vinte e Um de Abril
É a página mais linda
da História do Brasil.
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