"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina".

Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente.

Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo.

Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar.

Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria.

Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade.

Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando....

E termina tudo com um ótimo orgasmo!!!

Não seria perfeito?"

Charles Chaplin*

domingo, 3 de março de 2013

Criticas de Filmes


O Leitor
 

       

 Contando a história de amor entre uma mulher e um adolescente, vista pela perspectiva deste, O Leitor é uma excelente recomendação. O drama de 2008, baseado no livro de Bernhard Schlink, apresenta Kate Winslet como Hanna Schmitz, uma mulher solitária que trabalha conferindo bilhetes dos passageiros do trem. David Kross é o adolescente Michael Berg, que vai se envolver com Hanna. O relacionamento dos dois irá deixar marcas para sempre em suas vidas, culminando num encontro emocionante anos depois, em que segredos – escondidos por vergonha ou por preconceito da sociedade –, serão revelados apenas aos espectadores. 
        Apesar das constantes insinuações de que não se trata de um filme de amor, acho o contrário. O drama tem sim sua carga social, abrindo a história de uma mulher ríspida e amarga que esconde um segredo que, à época em que o filme é apresentado (década de 50, na Alemanha), é até compreensível, porém triste. Mas, o amor – uma das peças chave da trama –, entre Hanna e um rapaz 15 anos mais jovem do que ela e sua luta para não se envolver nesta tórrida paixão (o que não acontece) é tenso e intenso.
        Winslet abriu mão da vaidade e juventude a que suas personagens estão acostumadas (como em Titanic, por exemplo) e está espetacular na figura de Hanna, uma mulher que tem uma rotina sem grandes atrativos até o dia em que Michael entra em sua vida. Quando ela desaparece sem deixar notícias, deixando-o arrasado, o resultado futuro é catastrófico. Quase 10 anos se passam e o jovem, agora um estudante de direito, se surpreende ao reencontrar Hanna diante de um julgamento por sua participação no nazismo de Hitler, quando matou centenas de mulheres. Kate venceu merecidamente, o Oscar de 2009 como melhor atriz e também como coadjuvante no Globo de Ouro do mesmo ano. 
        David Kross, jovem estreante que encarna o adolescente diante de sua primeira paixão e grande motivador de Hanna, também tem uma estrondosa atuação. A química entre o casal é perfeita, com destaque para as cenas em que Berg lê as histórias para Hanna antes ou após os calorosos encontros. Kross está melhor que Ralph Fiennes, responsável por Michael Berg adulto. Faltou a Fiennes um pouco mais de entrega e emoção a uma história onde este sentimento é imprescindível. Mas, ele não arruinou o brilhante roteiro de David Hare e a primorosa direção de Stephen Daldry (de As Horas e Billy Elliot). 
        O Leitor não é um filme fácil de ser digerido. As quase duas horas de duração requer atenção, maturidade e sensibilidade para perceber todos os seus detalhes e entender suas nuances. Todos somos leitores. Seja quando lemos uma história e o que ela provoca em nós; seja como meros espectadores, trocando opiniões, experiências e sensações após assistir uma sessão de um bom filme.

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